11 de abril de 2011

Para um servo*

Um e setenta e três de altura mais ou menos. Nem gordo nem magro, só forte, como ele prefere. Mas eu o chamo de gordinho. Sobrancelhas finas, escuros e bem delineadas. Olhos aboticados, nem sempre. Com a ausência dos óculos esses ficam apertadinhos, tentando enxergar alguma coisa. Tem pele clara e o rosto um pouco estragado, como consequência das espinhas. Tem um sorriso largo e dentes amarelados, em um formato engraçado. Deve ser porque não conseguiu largar a mania de chupar o dedo, mesmo depois de grande. 22 anos. Tem uma barba escura e cheia, que ele insiste em usar. E usa por pirraça, só porque as pessoas dizem que é feia. Ele faz questão. Da barba e de ser rebelde. Tatuou no braço Hope, Faith, Love só para confirmar essa aversão a ser certinho. Ele nunca foi. E pelo pouco que o conheço, nunca será. A loucura está presente em quase tudo o que ele faz. Ele gosta da ideia, e gosta mais ainda quando o chamam de um. Tem duas camisas que não tira do corpo. As duas foram presentes. Eu vejo humildade nele, apesar dele ser chato às vezes. Quando resolve trocar as duas camisas habituais, ele geralmente usa xadrez. Principalmente aquela camisa em que o xadrez é azul com preto. Eu gosto. Xadrez fica bem nele. E devo admitir: ele sabe se vestir bem quando quer. Eu gosto do seu abraço preenchido, e ele sabe. E não é paixão. Antes era, hoje mais não, e ele sabe também. Tem uma reputação de quem já errou muito, mas ele não liga, porque sabe que foi perdoado. A maioria das pessoas o acham feio, mas eu bem que tento achar assim também, mas não consigo. E eu sei que ele irá usar isso contra mim até o resto de nossas vidas, mas eu não ligo.
Complicado. Amigo. Louco - outra vez. Carinhoso. Dedicado. Bom filho. Bom Irmão. Apressado. E chato, muito chato.
Tem manias esquisitas e diz que não gosta de tomar banho. Antes eu achei que fosse brincadeira, mas hoje não. Lembro do seu jeito de mexer no cabelo e naquela barba, sinal de sua rebeldia. Um anel no dedo anelar da mão direita é o único objeto que carrega em si, além dos óculos, que já é quase parte do seu corpo. Tem dons lindos e habilidades invejáveis. Tenho facilidade de ver a palavra Amor e lembrar dele. Talvez seja por ele tanto falar e por tanto lutar em amar. Eu o amo, e essa é outra coisa que ele sabe.
E foi difícil fazer isso para ele, talvez porque essa seja outra coisa que ele é. Difícil. Mas ele é um bom moço e tem grande coração.


*Denise diz: Danilo, me ajuda com o título.
Danilo diz: Coloca servo, eu gosto dessa palavra.


O texto não ficou tão bonito, mas foi com todo meu amor. Eu te amo, gordinho.