2 de novembro de 2011

Manuscrito

Querido C.,

Eu já perdi a conta de quantas vezes comecei algo pra você. Tentei usar todas essas coisas que sinto de um jeito estranho e forte com as mais belas palavras acompanhadas de poesia, mas não saiu nada que escrevesse tudo aquilo que é verdade aqui. Tudo o que seu olhar e esse teu jeito sacana, indiferente e alheio me causa. Pode acreditar, não é pouco.
Quantas vezes eu quis gritar "Que é que você tem, rapaz? Que é que você tem que me deixa assim?". Parece que você quer permanecer aqui dentro, quieto, fazendo com que tudo se revire quando vejo algo relacionado à você.
Te olho e só consigo te ver como um enigmático do tipo que esconde sentimentos. "Se é que eles existem", como muitas vezes já pensei. Devo desculpar-me, mas é o pouco que consigo de você.
Do que você tem medo?
De você não sei mais do que, com medo, perguntei. O muro diante de você me impede de te ter mais. Eu queria tanto isso. Mais. Você.
Sei que você não é para mim e com mais certeza ainda, sei que não sou para você. Seria algo como água e óleo. Mas a gente poderia tentar, se você quisesse. Mas que ilusão. É claro que não.
Moço, fica sabendo: não tem uma vez sequer que eu te veja e meus braços não peçam desesperadamente os seus.
E saiba de mais: te quero muito e bem.
Com carinho,
P.

3 comentários:

Nátali Mikaela disse...

Nossa, vivi algo bem parecido a mais ou menos um ano e meio! Alguns mundos parecem não ter abertura. Sorte pra ti!

P.S: Esse "C." também era a letrinha que me perturbava, rs.

Nara Sales disse...

Palavras amenizam o oceano de sentimentos que nos margeiam, mas alguns momentos, apenas a memória pode abrigar de maneira plena e viva.
E que esse moço consiga se ler em teus olhos e vice-versa.

Luz.

Elisa Cunha disse...

Óleo e água...
Eu me lembro da frase do Teatro Mágico: "Os opostos se distraem, os dispostos se atraem."
Não necessariamente os opostos nunca se encontraram um dia... Mas quado nos apaixonamos, podemos tudo e nada ao mesmo tempo. Podemos tudo porque realmente estamos dispostos a tudo. O "nada ao mesmo tempo" é porque pra tudo que estamos dispostos é necessário o consentimento do tal ser amado.

Em sumo, belo texto.