18 de abril de 2013

Inefável


I

Entre as minhas veias
A chuva que cai
E a música que ecoa
Percorrem átomos
Que me interrogam
O que
Como
Sentir tudo
Sem deixar
Escoar nada

Eu quero sentir
O mundo nas minhas digitais
E abraçar
A lua com a palma da mão
- e dançar folk como se voássemos

Encostar meus lábios
Vibrantes
Em cada estrela
E sentir o êxtase
De cada galáxia

Do seu amor eu quero teus olhos
- espelhos da alma
Para que entendas que
Assim como um violino
Não soa igual ao outro
O mistério do toque
É o único que vale
Gastar
Até então, descobrir:
Inutilmente

Nenhuma suspeita sustenta-se
Quando uma alma solitária encontra outra
Feito dois corações
Em processo de fusão

A felicidade figura-se
Em quem sente muito
E nada procura entender
O coração se pudesse pensar, pararia. 



II

Teus olhos famintos
Querem devorar
As coisas erradas

O que acontece
Com o coração
Diante de um céu
Engarrafado de estrelas?

O que me dizes
Dos silêncios
Das madrugadas
Gastadas
Por um corpo
Encostado em outro?

Silêncios tecidos
E bebidos
Na valsa eterna
Dos segredos
Silenciados
Codificados
Indizíveis
E incompreensíveis
Que nada importa
Diante de dois lábios
Em brasas
 
O que vivifica
É o choque
A cinética
A gravidade
Que esse corpo tem
Sobre outro

O que importa
É sua força
Invalidada
Diante de outra força
Maior

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