3 de agosto de 2013

Josefin


Josefin não tinha mais que dois punhados de vida e já sentia que aquilo teria terminado pra ela.
As suas fichas todas esgotadas.

"Josefin, eu quero beijar a sua pele como se dela saísse mel."
"Josefin, eu quero desaguar na sua boca como se dali bebesse seu coração."

Apesar de todas as suas dúvidas, algo faminto dentro de si ecoava: quando o amor chegar, tudo vai finalmente mudar.

"Josefin, esses teus olhos secos serão candeeiros das minhas esquinas."
"Josefin, tu não sabe, mas teus lábios são como mapa de um mundo aquém desse mundo." 
"Josefin, sobre esse teu peito furado eu vou plantar jasmins."


- Quando ele chegar, vocês vão ver, isso aqui tudo vai viver. Essas flores marrons e murchas vão florescer. Ele até vai pintar as paredes!


Entre domingos lânguidos e choros sem vela: nunca. 
As bainhas são ajustadas.
A roupa é passada. 
A casa perfumada.
O amor sempre promete.
Ronda, sorrir, faz que vai chegar.
Não vem.

Encolheu os pés, os ombros e sugou a lua com um olhar de quem não comia há três dias.
Algo naquela imensidão conversava com ela.
Vazios(as).
Então foi só fechar os olhos por segundos que todas elas, na beira do abismo, despencaram.
E as esperanças silenciosamente se quebravam.

3 comentários:

Maíra F. disse...

Lindo. Me lembrou Amélie Poulain, não sei bem pq.

Lisabel disse...

Adorei

Lisabel disse...

Adorei