Eu tenho medo de mim. Um medo absurdo de mim. De todas essas loucuras que penso, de todas essas coisas que sinto e de toda essa vontade que tenho. Estou sempre querendo algo inalcançável, distante, difícil. Pensando coisas inadequadas e sem esperança. Querendo sempre o perto mais longe e o longe mais perto. Se eu disser que sei o que quero, diga-me: mentirosa.
Tenho medo também desse vazio que só vai ficando mais cheio e mais doloroso. Ando querendo encher o copo com ar. Não sei mais de mim. Nunca soube, aliás. Hoje, então, as interrogações aparecem em molduras. E descobri que elas fazer doer. E corroer.
E o meu sorriso, que diziam ser o mais bonito, perdeu a cor. E o brilho. E o sentido. E a vontade. Deixei no automático e esqueci de mudar. E os dias tem passado sem efeito, porém cheios. Mesmo que de rotina, cheios. Também de dores minúsculas, sonhos rasgados e vontades esquecidas. Com muito preguiça e lágrimas também. Daquelas que não regam e/ou limpam nada, só deixam ainda mais seco, sujo e pesado.
Não 'tô enxergando sol nenhum atrás da montanha, bonança nenhuma depois da tempestade, riso nenhum depois de todo esse pranto. Me esforço, até levanto os pés e ergo um pouco o pescoço, mas não enxergo.
Escrito em 05.12.11
4 comentários:
Nao sei porque eu senti um gosto amargo ao ler isso, mas ainda assim gostei.
Amargo-doce.
Amargo-doce.
Te descreve e me descreve.
Gostei do texto.
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