14 de janeiro de 2013

Creio que o nosso amor jaz*


Construí um lar e uma vida em dois dias.

Não me recitava palavra, porém me elevava em suas mãos como se fossemos algo legitimamente eterno.   
Me encaixava nos olhos que me roubava cada vez que fugia para si.
Me imprimia-bordava em si, como se para mim estivéssemos nos tornando em um só por força estelar.
Facilmente seria subjetivada como uma escultura nascida por, além de só mãos, espasmos; simetria.

Vês que meu rosto tem outra cor? O que permanece depois de uma esperança perdida.
Eu te injuriaria meu cárcere se de cá eu não pudesse te oferecer o meu eu como teu objeto-santuário-inviolado-imaculado.

Agora, atada às minhas coisas, e sentidos, e sentimentos, e angústias, e restos
Gostaria de ser quem possui o essencial para quebrar a tua solidão.
Eu queria ser a tua solidão.
Eu queria ser tua. 

Como se me beijasse as lágrimas que desde então não cansaram de desaguar.
Do que um dia foi um coração, vejo essas paredes contando uma história,
Com tua alma hieroglífica.
Por seus lábios de solidão codificada,
Meu coração batendo em sua boca.

Desconfio que essa raiva seja um amor fortalecido entre os escombros.
Então viverei para enfeitar o canteiro rebocado desse amor.

Enterrei vivo, mas ao invés de morrer, renasceu – e hoje vive pra sempre.


Enquanto isso, na plateia, unicamente, saboreando minhas ações que sempre lhe eram falhas, você nos mata com mais um gole de cerveja.

*jaz:
que resta ou repousa. 
habitar, morar, viver.

Um comentário:

Helen Ferreira disse...

Ah, nem me conhece e escreve por mim?!

Te admiro.