10 de dezembro de 2012

Consagrada


Meu coração na bandeja de pedra do seu.
Minha boca maciça desaguando no oco da tua convicção.
Minha vontade sólida, vívida, densa, dilatada, afoita... Ocultando meus limites.
Pele melânica eriçada pela sonoridade da tua risada no vento.
Procuro as chaves do teu segredo, e na busca é você que me abre todos os cadeados e armadilhas.
Meu ínfimo seu. Teu olhar apático.  
Tato que desdenha minha certeza de sim e não, existindo somente um certo que é órfão de razão.
São juízo que torna-se delituoso ao imaginar o tapete da sala feito por dois corpos em um.
Subornada pelo que parece e sei que não é, mas deixa eu fingir e rir...
Culpada por mim mesma de ser réu confesso, despida diante de suas artimanhas que são como manjar posto sobre a mesa.
Peguei aquelas flores murchas e cartas velhas e me enfeitei do que você não me dá.
Dancei com o vento da varanda e acenei para o horizonte, moldura que me expõe que mesmo de longe, sou tua. Que mesmo de mentira, enfeites, desenhos e poesias, não és meu.
Então entrei e fechei as portas - mesmo sabendo que te entreguei a chave e que pode entrar sem avisar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Amo seus textos! Quando eu encontrar um adjetivo bondoso que possa descrever seus textos eu te falo, mas por enquanto... sem palavras. Parabéns. (Denise Fernandes)

Nina disse...

Entregue às lembranças, também vestida delas.
Abraços.

Helen Ferreira disse...

Foi um presente ter encontrado seu blog. De verdade.
Por agora fico com esse seu fragmento... ''e me enfeitei do que você não me dá.''