Eu te quero assim como o dia transforma-se em
noite
Suave e devastador.
Nos preencher com o gatilho do desejo e o céu do
mar.
Sermos infinitos apesar dos finitos.
E dos vazios fazer poesia.
Para que se percorram nossos recantos como rios
e gaivotas
E me contornes as curvas e evapore minha desordem.
Cozinhar nossa ficção em fogo e brasa
Com sangue nas mãos.
Dançar em teu cemitério de solidões.
Sujar tua roupa com batom e sonhos.
E te oferecer minha alma como ostra produzindo
sua pérola.
Escrever um manifesto na tua pele de aço:
Que me queiras como fome na madrugada.
E adormecer sobre teu peito soturno.
Cantar a tristeza do pertencimento efêmero.
Beber da tua saliva a nossa literatura
ficcional.
E ciciar às paredes estrofes de uma cidade
abandonada.
Entre teus caminhos: render-me.
Como um suíno desespera o livramento.
Vender meu peixe enquanto quero plantar flores.
Me fazer de piano para teus sentidos levianos.
Alimentar minhas pernas fracas com a solidão
dos acordeons.
E me encontrar absorta após todos esses anos.
E então perceber que, sem isso, ficaria nua.
3 comentários:
"Escrever um manifesto na tua pele de aço:
Que me queiras como fome na madrugada." Aquelas coisas que a gente lê com os olhos cheios, só da vontade de continuar lendo. Adorei o rítmo do teu poema, moça. Lindo mesmo! Prababéns.
Incrível!
Teus escritos, de certa forma, me alimentam. <3
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